Empenhemo-nos em criar o “Século da Vida”, o “Século da Paz” BRASIL SEIKYO, EDIÇÃO Nº 2017, PÁG. A1, 01 DE JANEIRO DE 2010.
Feliz ano novo! Que alegria sinto em ver todos vocês, meus amados companheiros de 192 países e territórios, cheios de vitalidade, unidos pelo objetivo comum da concretização da paz mundial e dispostos a empreender um novo ano de magníficas contribuições em sua comunidade e sociedade.
Já estão solidamente assentadas as bases do Kossen-rufu mundial — desejo acalentado tanto por Sakyamuni como por Nitiren Daishonin. Graças aos dedicados esforços de nossos companheiros do mundo inteiro, os nobres Bodhisattvas da Terra, que têm se empenhado arduamente e triunfado sobre inúmeros obstáculos ao longo do caminho, a concretização desse objetivo tornou-se possível.
Por marcar vários fatos históricos de nosso movimento pelo Kossen-rufu, 2010 é um ano de profundo significado. A primeira grande data é o 110º aniversário de nascimento daquele que dedicou a vida para erradicar a miséria da face da Terra — o segundo presidente da Soka Gakkai, Jossei Toda. Celebraremos também o 80º aniversário da Soka Gakkai e o 35o aniversário de estabelecimento da SGI.
Nitiren Daishonin afirmou: “Que alegria a nossa, nascer nos Últimos Dias da Lei e poder compartilhar a propagação do Sutra de Lótus!” Como somos afortunados por vivermos nesta época tão auspiciosa! Tendo essa consciência como fonte de alegria e inspiração ainda maiores, empenhemo-nos com vigor e coragem. Edifiquemos uma vida insuperável, dedicada ao cumprimento do nosso nobre juramento de realizar o Kossen-rufu.
Conforme a declaração de Daishonin: “Não restam dúvidas de que [...] a grande Lei pura do Sutra de Lótus será propagada amplamente por todo o Japão e os demais países de Jambudvipa [o mundo inteiro]”, foram os mestres e discípulos da Soka Gakkai que se lançaram destemidamente a essa empreitada na era contemporânea, partindo mundo afora para transmitir suas convicções às pessoas, convidando-as para o diálogo de vida a vida.
O Kossen-rufu mundial começa com o ato de encorajar a pessoa que está bem diante de nós. O espírito fundamental do Sutra de Lótus está em ajudar cada pessoa a descobrir quão infinitamente nobre e suprema é a sua vida, e possibilitar a ela manifestar a sabedoria e o poder da natureza de Buda que possui inerente.
Entre os membros com quem me reuni há cinquenta anos, em minha primeira viagem aos Estados Unidos, em outubro de 1960, estavam várias mulheres japonesas que, ao término da Segunda Guerra Mundial, haviam se casado com cidadãos norte-americanos. Muitas estavam tão tristes e desanimadas pelas inúmeras dificuldades enfrentadas no novo país que começaram a nutrir a ideia de voltar para o Japão.
Ouvi com atenção o que tinham a me relatar sobre as dificuldades e provações e as orientei com todo o meu ser: “Não se desvalorizem... Não precisam sentir inveja dos outros! As senhoras possuem uma grande missão. Da perspectiva do budismo, as senhoras são muito mais nobres e importantes do que uma rainha! Peço-lhes que, por meio da fé, façam resplandecer o brilho do sol da felicidade em seu coração”. Várias dessas mulheres responderam sinceramente aceitando o desafio. Conscientes da profunda missão que possuíam, levantaram-se decididas. Como descreve Daishonin: “No início, somente Nitiren recitou o Nam-myoho-rengue-kyo, depois, duas, três e cem pessoas o seguiram, recitando e ensinando aos outros”. Essas mulheres, verdadeiras Bodhisattvas da Terra, unidas por profundos laços cármicos, se tornaram nobres pioneiras do Kossen-rufu mundial.
Na primeira viagem ao exterior, em 1960, que durou vinte e quatro dias, visitei os Estados Unidos, o Canadá e o Brasil. Nesse curto período, foram criadas 17 comunidades, fundados distritos no Brasil e em Los Angeles e estabelecidos distritos gerais nas Américas do Norte e do Sul. Tais eventos, pequeninas pedras lançadas na imensidão do oceano, passaram despercebidos aos olhos do mundo. Mas as ondulações criadas há cinquenta anos deram início a incontáveis e gigantescas ondas para a paz mundial — a um movimento poderoso alicerçado no Budismo de Nitiren Daishonin.
Desde então, meio século se passou. Construímos uma vasta rede de rica diversidade que transcende fronteiras nacionais e étnicas e que envolve pessoas de todos os modos de vida. Temos realizado tudo isso com a atitude respeitosa e perseverante do Bodhisattva Jamais Desprezar, que se engajava em diálogos e ofertava palavras de encorajamento a inúmeras pessoas.
Em especial, o notável crescimento e a energia positiva dos integrantes da Divisão dos Jovens são fontes de alegria e esperança para os membros do mundo inteiro. A brilhante união de nossas jovens do Ikeda Kayo Kai da SGI é algo igualmente belo e inspirador de se ver. Ativos em todas as partes do mundo — na Ásia, na África, na Europa, nas Américas, na Oceania — os membros das Divisões Masculina e Feminina de Jovens da SGI percorrem o caminho de mestre e discípulo com alegria e confiança.
O astrônomo brasileiro Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, com quem publiquei um livro — fruto de nossos diálogos —, observou que o potencial inato do homem floresce de forma muito mais vigorosa por meio da relação de mestre e discípulo e que ele considerava essa relação como a “órbita” mais correta para os seres humanos percorrerem.
Os laços de vida a vida que compartilhamos com nosso mestre na fé, e a melhoria do caráter que experimentamos ao aplicarmos os ensinamentos do mestre, incidem de maneira direta em nosso crescimento e nos possibilita transpor os estreitos confins de nosso ego, transformar o carma e conquistar brilhantes vitórias na comunidade e na sociedade.
Por muitas décadas, em minhas propostas anuais para o “Dia da SGI” e em vários outros fóruns, tenho bradado incansavelmente pela abolição das armas nucleares — o ardente desejo e o testamento final de meu mestre. Hoje, há um novo movimento global pela paz, por um mundo livre de armas nucleares. Acredito que este seja um sinal de que nosso planeta está começando a se mover em direção a um “Século da Vida”, a um “Século da Paz” — objetivo ao qual a SGI tem se dedicado há longos anos.
A humanidade ainda tem pela frente muitos desafios. Mas a chave para solucionar todos os problemas — seja para edificar uma paz duradoura, seja para proteger o meio ambiente, seja para superar crises econômicas — está em nos despojar de toda a apatia e ideias preconcebidas que nos fazem enxergar a situação como uma realidade implacável ou insolúvel. Tenho firme convicção de que os problemas causados pelos seres humanos podem ser resolvidos pelos seres humanos.
Precisamos ativar e evidenciar o infinito potencial que existe em nós e usá-lo em prol da felicidade da humanidade. A filosofia da SGI é a filosofia da esperança e da coragem que torna isso possível. É a filosofia da benevolência que revela o caminho da felicidade genuína para todas as pessoas.
É importante forjarmos os jovens. Enquanto nos empenhamos ao máximo para criar os sucessores, enfrentemos os desafios com espírito revigorado e sempre jovem e atinjamos um estado de vida amplo e elevado, imbuídos de total satisfação.
Minha esposa e eu estamos orando de todo o coração para que vocês, nossos preciosos companheiros, sejam protegidos pelas funções do Universo, desfrutem benefícios e boa sorte incalculáveis e iniciem o ano com total segurança.
Nossa orgulhosa missão como membros da SGI é atingir o Kossen-rufu, a paz mundial. Com isso em mente, façamos de cada dia um momento de dinâmico avanço e de vitória total!
Em 1º de janeiro de 2010,
Daisaku Ikeda, Presidente da Soka Gakkai Internacional